A bola requentada da vez nas cercanias teológicas chama-se a ‘Teoria
da Lacuna’. Um verdadeiro achado. Na verdade a nova ‘lacuna’ é uma
reedição da ‘Teoria do Intervalo’.
Segundo esta, entre os dois primeiros versículos da Bíblia
(Gênesis 1:1 e 1:2), há um considerável intervalo de tempo, no qual algo
teria acontecido para que a terra ficasse “sem forma e vazia”,
adjetivos encontrados em nove entre dez versões.
Para se chegar a essa conclusão é necessário que se junte, aqui e
ali, textos isolados e fora do contexto, assim também como muita, muita
criatividade. Vamos tentar entender...
“No princípio criou Deus os céus e a terra”. Quem defende a
‘lacuna’, (curiosamente em sua grande maioria admiradores de Benny Hinn,
mas isso é outra história...) entende que aqui foi tudo completo. Ou
seja, Deus não poderia ter feito a terra ‘sem forma e vazia’ –
argumentam. Logo, pressupõe-se, algo aconteceu. Mas exatamente o quê?
Como em teses que não se fundamental biblicamente nunca há
consenso, existem várias posições. A mais corriqueira atribui a satanás o
fato de ter deixado a terra nesse estado. Quanto poder, não?
Revendo o texto, observamos que os dois adjetivos em questão de
Gênesis 1:2 na verdade equivalem aos termos hebraicos “tohú” e “bohú”,
que são traduzidos como conhecemos atualmente. Mas o primeiro termo
seria mais correto se traduzido por ‘caos’.
Aprendemos – erroneamente – que caos é a mesma coisa que bagunça,
confusão ou descontrole, o que seria teologicamente incorreto pelo
simples fato de que Deus não é Deus de confusão (I Coríntios 14:33), e
que nada, absolutamente nada, em tempo algum, esteve fora de seu
controle (Salmos 24:1; 115:3; Isaías 43:13, etc.). Mas sejamos
coerentes. Não é disso que o texto fala.
Aqui se aplica a ‘caos’ a definição mais correta e racional:
ambiente com alto grau de imprevisibilidade. Ou seja, pode acontecer
qualquer coisa. Ou absolutamente nada. Isso quer dizer sem controle? De
forma alguma.
Até a NASA se vale do movimento caótico dos planetas para traçar
melhores rotas para viagens espaciais. E em termos de natureza, quase
tudo apresenta comportamento caótico, de um formigueiro a um cardume de
tubarões. Veja como o texto bíblico é perfeito.
Deus criou o mundo por partes. Poderia, se quisesse tê-lo feito
instantaneamente, em um abrir e fechar de olhos, mas preferiu os ‘dias
criativos’.
Mas há um texto que merece atenção, em Isaías 45:18 “Pois assim
diz o Senhor que criou os céus, ele é Deus; foi ele que formou a terra, e
a fez, ele a estabeleceu; ele não a criou para ser vazia, mas a formou
para que fosse habitada (...)” (AEC).
A versão ARA é ainda mais interessante, pois diz “(...), ele não a criou para ser um caos.”.
É verdade. Isso confirma o que já havíamos observado. No início
de sua criação a terra era um ambiente caótico. Estava vazia (“bohú”)
porque não era habitada. Mas como Deus a criou para ser habitada,
começou a povoá-la. Não há nenhuma contradição. Dizer que era sem forma é
uma faca de dois gumes. O termo ‘sem forma’ seria mais bem traduzido
por ‘caos’, um ambiente em que qualquer coisa poderia acontecer, mas
nunca descontrolado ou aleatório.
Logo, aceitar uma ingerência de satanás nesse ambiente é um tanto
quanto temeroso e infundado, mesmo porque o Espírito de Deus estava
presente. Quando a Bíblia diz ‘pairava’, sabemos que esse verbo
representa uma ação semelhante à de uma galinha que fica sobre os ovos,
chocando-os.
Até que ponto satanás teria tanto poder a ponto de fazer com que Deus quase que ‘recriasse’ a criação?
E assim se segue, ignorando-se a clareza do texto bíblico e as
advertências de I Coríntios 4:6 “(...), para que em nós aprendais a não
ir além do que está escrito.”
Como se vê, a única lacuna que existe atualmente, é no entendimento daqueles que adoram uma novidade...
Créditos para: http://www.palavraprudente.com.br/estudos/neto_curvina/miscelania/cap07.html
Créditos para: http://www.palavraprudente.com.br/estudos/neto_curvina/miscelania/cap07.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário