INTRODUÇÃO:
Quando criança ninguém se preocupa com o próprio bem-estar ou
com o fato de ter que se sustentar. O mundo infantil é composto de sonhos, de
fantasias e preocupações imediatas como comer, beber, vestir e ser amado. Em
geral há um adulto zelando para que as necessidades de sobrevivência da criança
sejam satisfeitas.
Gradativamente, esse “paraíso” infantil vai sendo trocado por um
amadurecimento dentro do qual a antiga relação de dependência dos pais não cabe
mais. O jovem passa a procurar uma autonomia que aos poucos vai sendo
conquistada. Esse processo de gradual independência denominado de adolescência
é o período da vida humana entre a puberdade e a virilidade: estende-se dos 14
aos 25 anos. A adolescência começa realmente dos 11 aos 15 para as mulheres
e dos 14 aos 16 anos para os homens.
Esse importante período da vida humana apresenta os seguintes
aspectos: aceleração do crescimento; vida emocional fortemente influenciada por
preocupações sexuais; rápido amadurecimento da mentalidade; aumento de espírito
crítico; culto a própria personalidade; vacilações religiosas; ânsia de
prestigio; timidez e arrogância; inconformismo; passagens inesperadas, do
excessivo entusiasmo a profundas depressões.
Como podemos observar, as constantes mudanças no comportamento do
adolescente leva-o a constantes crises, perguntando a si mesmo: Quem eu sou?
Que virei a ser?
Crise de identidade
A identidade é uma característica de cada momento evolutivo. Em
cada fase evolutiva, o indivíduo precisa desenvolver sua autocognição que
implica no conhecimento da individualidade biológica, psicológica e social.
A identidade é a criação de um sentimento interno de mesma idade e
continuidade, uma unidade da personalidade sentida pelo indivíduo e reconhecida
por outro, que é o “saber quem sou eu”.
Quem sou eu? Que virei a ser? Essas são perguntas que
inevitavelmente todo adolescente faz a si mesmo, no momento que flutua entre um
passado que chega ao fim e um futuro que se anuncia e que ele tem consciência
que deve preparar-se para ser o melhor ou o pior. Por isso costuma-se dizer que
o adolescente vive sempre numa crise
de identidade. Ao procurar sua identidade, o adolescente recorre a
um comportamento defensivo, a busca de uniformidade, que lhe garanta segurança
e estima pessoal.
A incessante flutuação da identidade produz no adolescente
angústia, levando-o a se refugiar em um lugar bem característico: seu próprio
interior.
Crise na escolha de uma profissão
As dificuldades com a escolha de uma profissão, normalmente,
aparecem na adolescência, momento considerado de desestruturação e
reestruturação da personalidade. A insegurança e angústia típicas desse momento
surgem quando o jovem percebe que existem vários fatores pressionando-o sem que
ele consiga identificá-los ou conhecer as suas origens.
Em uma pessoa relativamente livre de conflitos, o processo de
escolha de uma futura profissão envolve uma pequena crise, decorrente da
dificuldade de escolher uma carreira e renunciar a outras ao mesmo tempo. O
jovem, após ter ponderado as oportunidades de trabalho, bem como seus valores e
interesses, muitas vezes não consegue chegar a uma conclusão satisfatória a
respeito de seu futuro profissional.
Crise da sexualidade
Cada adolescente procura dentro de si forças novas, que nem sempre
consegue identificar. Entre elas a que mais o perturba e que certamente é uma
das mais importantes e das mais profundas, é a sexualidade. Um autor americano
lançou, poucos anos atrás, um livro que trata precisamente da sexualidade do
adolescente, no qual define este como uma “pesonality
in the making”, isto é, “uma
personalidade em via de acabamento”. Com tantas mudanças no corpo o
jovem adolescente se sente realmente em uma fase de acabamento.
Olhando para o futuro que se abre, o jovem se desenvolve em três
níveis fundamentais:
1º- Nível biológico: O sistema nervoso central influencia o
início da atividade de hormônios que vai provocar a puberdade, resultando no
aumentado da elaboração dos hormônios sexuais e na produção de óvulos e
espermatozóides maduros. O corpo assume sua forma, se fortalece, cresce e surge
a sexualidade, revelando toda a potência sexual.
2º- Nível psíquico: A liberdade se alarga, levando o jovem,
pouco a pouco, a autonomia, passando a decidir pessoalmente a sua vida sexual
com as suas próprias escolhas, atribuindo a si mesmo toda a responsabilidade.
3º- Nível afetivo: Descobrimento do amor. O adolescente
percebe que o caminho da felicidade passa necessariamente pelo amor à outra
pessoa, tornando-se a base de sua felicidade.
Os problemas próprios da adolescência na sexualidade
No seu dia-a-dia, o adolescente se debate aprisionado pela
incerteza, pelo sentimento de culpa, pelo medo, ou pela permissividade mais
descabelada, provocada pelas pressões da nossa sociedade que leva os jovens a
se justificar pela desculpa mais ambígua: “todo mundo faz”. De acordo com a
opção tomada e adotada, o adolescente caminhará para a maturidade que garantirá
a harmonia do amanhã, ou para a imaturidade que o conduzirá a beira do abismo
de amores mal vividos.
Vejamos alguns problemas agudos da puberdade:
Masturbação: a percentagem de adolescentes que inicia a sua
puberdade masturbando-se é extremamente elevada. As consequências da
masturbação são bem caracterizadas e comprometedoras, pois a vida adulta desse
adolescente será provavelmente desastrosa, de múltiplos dramas. Ex: Desvio da
sexualidade humana; satisfação própria – egoísmo; ejaculação precoce.
Relações pré-conjugais: o casal de namorados não tem
comprometimento legal ou moral e o sexo antes do casamento provoca a quebra da
confiança mútua e prejuízo na comunicação. A relação sexual antes do casamento
traz uma nuvem de culpa no adolescente, pois sente a sua comunhão com Deus
abalada.
A crise da tendência grupal
Os adolescentes, geralmente, se identificam em maior ou menor
grau, com heróis de cinema, líderes de grupo, esportistas, artistas, muitas
vezes até o ponto de parecerem deixar de ser quem são, transformando-se no
herói escolhido. A esta altura, o jovem raramente identifica-se com os pais, ao
contrário, rebela-se contra o seu domínio, seu sistema de valores e sua
intromissão na sua vida particular, uma vez que precisa separar sua identidade
da de seu pai (eu sou eu, meu pai é meu pai).
Entretanto, há uma necessidade desesperada de pertencer a um grupo
social. Os companheiros de idade, a roda de amigos e a turma ajudam-no a
encontrar e a definir quem ele é dentro de certo contexto social. A maturidade
começa quando, com a identidade estabelecida, o jovem sente-se integrado,
independente, podendo então se manter por conta própria.
Também na luta pela independência dos pais, o adolescente procura
no grupo um líder para submeter-se ou para exercer o poder paterno. Em virtude
da estrutura esquizóide que caracteriza o fenômeno grupal, a personalidade do
adolescente parece ficar fora de todo o processo que esta ocorrendo,
desencadeando uma total irresponsabilidade pelo o que ocorre ao seu redor.
CONCLUSÃO:
Adolescência é um fenômeno de desenvolvimento que só se verifica
no homem. A criança nasce num estado de imaturidade relativamente maior do que
os filhotes de outros primatas. A demora em atingir o crescimento pleno e a
maturidade, permite um rico desenvolvimento, com complexas adaptações sociais e
culturais.
É nesse momento da vida (adolescência), que não se pode alimentar
a ilusão de que só o tempo presente conta. Não se trata de viver “instantes”,
mas de viver uma vida, e que ela seja uma vida de felicidade. Por mais dificuldade
que o adolescente encontre, deve-se ter o cuidado, para que sejam anos dos
quais o jovem jamais venha esquecer.
Estudo que ministrei à minha Célula Renascer em 13/04/2012.